O que eu preciso saber sobre terapia online?

Como escolher um profissional? Quais são as suas expectativas em fazer terapia?

Confira minhas recomendações para embarcar em um espaço de terapia online! Vamos lá?

1. Quais são as suas demandas iniciais para um processo de terapia?

Na minha opinião pessoal e profissional, terapia é para todos. Você verá em diversos espaços em que muito se fala sobre depressão, ansiedade, TDAH, insônia, transtornos, distúrbios e toda a infinidade de questões que giram em torno dos seres humanos. Com base nisso, a orientação é sempre a de incluir a terapia como parte de um autocuidado e assim, ampliar a rede de profissionais para esse lugar de se cuidar. Eu valido isso como algo importante, entretanto, acrescento que o autoconhecimento deveria fazer parte dessa busca independente da existência de um “diagnóstico” dado por algum profissional ou não; afinal, somos muito mais que qualquer diagnóstico, concorda comigo? Reservar um espaço para se entender deveria fazer parte do pacote em ser saudável do ser humano. Antes de iniciar uma sessão de terapia, recomendo que faça uma lista, ainda que mental, onde você revisite algumas questões que você considera importante para assim realizar uma primeira sessão. Se a busca é por autoconhecimento, observe seus comportamentos; se é por um diagnóstico, reveja seus comportamentos frente a ele. E saiba que terapia é um ato de autoamor, que se você levar como parte importante da sua vida, poderá trazer benefícios independente do teor das suas questões. Caso tenha medo, troque ideias com amigos ou familiares que façam, busque por vídeos de pessoas que contam suas experiências com a terapia. Não desista de você!

2- Procure por indicações de psicólogos e conheça seus trabalhos

Diferente de uns anos atrás, temos hoje a possibilidade de acessarmos alguns perfis de profissionais que podem facilitar ou até mesmo interromper o contato em virtude dos seus posicionamentos perante o atendimento. Através da internet, você pode buscar inclusive pelas especialidades de cada profissional, além de ler os comentários que os clientes deles fazem sobre os seus atendimentos terapêuticos. A outra alternativa é recorrer aos amigos e familiares em busca de indicações destes profissionais. A minha abordagem, por exemplo, é Junguiana. Atualmente com redes ampliadas em:

Se você é leig@ neste universo, não se preocupe: a conexão com o terapeuta é mais importante.

Psicóloga Fernanda Rondon

Na busca por um psicólogo, pode ser que você precise passar por alguns até de fato criar um vínculo que faça sentido para a sua alma, para o seu ser. É essencial, na minha opinião de quem é psicóloga e que faz também terapia que exista conexão entre vocês.

Eu, por exemplo, levei anos (acredite, se quiser) para encontrar uma profissional que tivesse sintonia com as coisas que eu acredito enquanto indivíduo. Para identificar se a profissional ressoa com você, perceba a sua escuta (que é a base da profissão de um psicólogo), se a profissional cita nomes incluindo intimidades de outros pacientes, se oferece soluções rápidas e milagrosas (seria bom,  mas não somos deuses) ou se apela para conclusões mirabolantes sem colocar você como centro da história.

3- Encontre um valor acessível para você pagar

Normalmente, na primeira conversa (comigo, é pelo WhatsApp mesmo), a profissional explica a forma como trabalha com relação à periodicidade, o pagamento e como lida com faltas ou remarcações. Depois que a pessoa decide seguir comigo, envio um contrato onde passo estas informações, e o cliente concordando, seguimos com as sessões. Não tenha vergonha de negociar o valor e dizer o quanto você pode pagar, se realmente for importante para você, explique sua situação para o profissional. Eu, por exemplo, emito notas fiscais que facilitam o reembolso com os planos de saúde ou até mesmo ajudam no Imposto de Renda. Caso, ainda assim, mesmo tendo procurado e negociado com eles, de nada adiantou, busque por faculdades de psicologia: existem clínicas que muitas das vezes os valores tendem a ser simbólicos. Há profissionais também que oferecem valores sociais. Eu, como profissional da área da saúde, reconhecendo toda a complexidade do mundo atualmente, ofereço para um cliente por vez um valor mais social, ou seja, você pode ser essa pessoa de algum profissional também. Atualmente, o meu foco é somente com atendimento online, ou seja, essa possibilidade rompe barreiras geográficas que me permitem acessar pessoas de vários lugares. Importante incluir aqui que existem algum profissionais cobram valores "altos" em virtude da sua sensibilidade, experiência e formações realizadas. O tempo na área só tende a aperfeiçoar o profissional (mas claro, isso não serve para todos, muitos, com o tempo, se tornam prepotentes também).

4- Entenda: Terapia não é sinônimo de drive-thru

O brasileiro possui um comportamento que no Japão, por exemplo, é diferente. Aqui, temos o hábito equivocado de irmos ao médico somente quando estamos com dores; enquanto no Japão existe um cuidado prévio da mente e do corpo que diminui a busca constante por médicos. Não posso deixar de incluir também que logo que entramos em um consultório, temos a expectativa de que iremos receber um remédio que irá diminuir drasticamente (ou cessar) toda a dor sentida. Bom, sinto informar, mas na terapia, o tempo é outro. É um processo que requer abertura, paciência e muita entrega. Bauman (um filósofo que eu adoro) afirmava que vivemos em tempos líquidos, ou seja, queremos coisas rápidas, instantâneas e superficiais. Como dito anteriormente, o espaço terapêutico é de um outro tempo, um outro lugar: é de aprender a sentir o presente. O desafio de quem entra na terapia é trabalhar a necessidade de desapegar-se da urgência. Tudo na terapia é sobre um processo, que para muitos pode “ser longo e chato”, para outros “doloroso e maravilhoso”, outros “assustador e colorido” etc. Toda pessoa tem o seu tempo e o bom profissional precisa respeitar isso (mas é óbvio, também faz parte incluir outros profissionais da área da saúde como nutricionistas, neurologistas, psiquiatras, ginecologistas e etc). Para profissionais que seguem a abordagem do comportamental, eles usam a ideia de “dar alta”, já que são abordagens que focam mais nos sintomas (e não necessariamente com a causa), mas, no geral, terapias são processos não-lineares sem duração determinada, que é o caso da minha abordagem analítica. O caminho do autoconhecimento não tem fim, mas é uma porta que pode ser aberta e fechada pelo cliente, ou seja, pode ser que em algum momento você diga: “até aqui está ótimo para mim”, e assim, pausar a terapia por um tempo (para quem sabe, voltar em outro momento da vida). Para mim, o fim da análise não existe, porque atendo diversas pessoas que já passaram por diversos profissionais e constantemente se recordam de falas dos anteriores. Análise é um processo vivo, nunca se esgota.

5-Sessão de terapia não é sempre agradável

Nós, psicólogos, somos os responsáveis por mostrar algumas ideias/perspectivas que muitos clientes em alguns momentos se recusam a ver. Estar em terapia requer coragem, curiosidade sobre si, enfrentamento e insistência. Ao contrário de um remédio que você percebe nitidamente o efeito, a terapia nem sempre promove um efeito tão concreto à primeira vista, é somente com o tempo que você começa a identificar as mudanças sutis em sua vida que abrangem comportamentos, sentimentos e perspectivas. Cada terapia pode ter uma serventia em dado momento da sua vida: você pode transitar com outros profissionais, de abordagens diferentes, por exemplo.

Vamos lá?